LOSANGO
Geométrica constróis poema à maneira
de losango ou rombo: Acontecerá que tu,
como o poema, serás quadrilátero de iguais
lados, paralelos, dous a dous, e ângulos
também iguais dous a dous, mas não retos:
Dous agudos e dous obtusos, em equilíbrio
invejável e compensado, como o poema...
O texto começa por um «encerro-me»,
revelador, e acaba por «sol», a evocar ar livre,
calor e liberdade... Continua por «jardim
interior», doméstico e familiar, abrigado
às invasões de curiosos impertinentes,
enquanto o verso penúltimo contém a palavra
«horas»; assim espaço e tempo, contrapostos,
se conjuntam. Imediatamente noticia «estufa
de seiva e entranhas» que parece, doce e frágil,
mas não fraca, complementar-se com «o coração
magoado». No meio e meio, eclosão de carinhos,
é colocado «como flor que fecha em pétalas»:
centro e miolo vital, evidente e medroso:
talvez ao jeito de terno olho, mas indeciso,
seja, ou como sonho feliz, degranhado
em inúmeras Damas do Lago, fadas
e mães adoptivas de Lançarotes valentes;
ou acaso as pétalas apontem, espadas
sangrantes e eróticas, aos sentires
tímidos que se acham sementados na Galiza
tão duvidantes, quanto leais...
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Sobre o poema «Interior», de Poeta Galega, publicado no RdL em 25/09/2008.- Código do texto: T1196019