BRINCANDO DE SER POETA II
Perguntaram para mim
Certo dia, se eu era poeta.
Respondi que poeta eu não sou,
Afinal sequer tenho perfil.
Ser poeta é entre outras coisas difíceis
Ser um louco! Louco? Sim ser um louco.
Pelo contrário, qual ser que em sua
Plena e sã consciência
Sentaria à beira de um lago invisível,
Com uma vara invisível,
Com uma linha invisível,
Com um molinete invisível,
Com um anzol invisível
E atiraria, num arremesso invisível,
Sobre o lençol invisível
De águas invisíveis,
Sua armadilha invisível
Para pescar palavras invisíveis,
E ainda assim, conseguir
Montar tantas coisas visíveis
E tão belas com tudo que só
Os olhos de um deus enxerga?
Só sendo louco!
Só sendo mesmo um poeta!
E poeta eu não sou!
Apenas organizo as palavras
E às vezes brinco de ser poeta
Como um poeta que brinca
De fazer poesia!
Se isso for ser poeta, acho que estou
No caminho certo de ser um poeta um dia!
Se isso for ser poeta, acho que estou
No caminho certo de ser um poeta um dia!