CHOREI !
Saí de tua casa chorando...
Por levar um tapa na cara,
Embora por dentro cantando...
Por ter amizade tão rara !
A mão que me sacode e diz:
Olhe-se de frente no espelho...
Não é assim que se porta feliz,
Eis o que revela meu olhar vermelho:
Esta amiga se chama franqueza
E não me passa a mão na cabeça
Antes, revela a minha fraqueza
E permite que a lágrima desça !
Para molhar e cultivar o que sinto
Para fazer-me olhar para trás...
E me perceber no imenso labirinto
Onde me perdi, sendo de tudo incapaz!
Olhar para o tempo perdido...
Quando por força do destino
Escolhi deixar tudo esquecido
E não mais voltar ao desatino !
Da vírgula, ficaram reticências
E já nem sei quem sou para ela
Enigma de duas consciências
Opostas por quem me revela !
Tão difícil ser tão racional...
Sensibilidade então me governa,
Inclina para o bem ou para o mal...
Não sei, apenas meu ser hiberna !
E sacudida pela ponte da realidade,
Eis que me deparo comigo, só !
Que a absurda irresponsabilidade
Só conduziu-me à lama e ao pó !
Enterrada até o pescoço...
Por uma vida conturbada,
Debato-me no fundo do poço...
Numa obra-prima inacabada !
Que somente eu, na insanidade,
Vislumbrei a arte vil e maldita
E não enxerguei a verdade...
Expectadora da minha desdita !
Agradeço a esta voz amiga
Que contou-me de outra versão,
Que minha'alma não me diga,
Que sinto por mim, aversão !
Sou juiza dos meus atos...
Por isso tanto me condeno
Entre a realidade dos fatos,
Dou ao meu eu, este aceno !
SIRLEY VIEIRA ALVES 21.SET.2008