UM RÉU DO AMOR



Seu dotô, vim aqui em busca de uma resposta
para a dúvida que me corrói o peito,
que dói mais do que chibatada na nua costa,
que aflige mais do que ver presa a um leito
aquela que nos trouxe ao mundo.
Seu dotô ·imagina o sinhô,
que a ela tudo dei:
dei amor,
até o pranto que não chorei,
ofertei-lhe um coração puro, em pleno frescor,
para que a ingrata fizesse sua morada...
Ah, seu dotô, mas num prestô, não!
Foi um grande engano!
Ela fez de mim o tapete do seu chão
e agora depois de um ano,
óia ela querendo tirá o pouco
que me sobrou!
Seu dotô, que lei é esta?
Se a lei é boa, por que favorece
a quem não presta?
Ajuda-me seu dotô! Num dexa aquela malvada
arrancar a minha morte desejada,
já que a minha vida ela roubou.
Seu dotô, não sou ninguém.
Seu dotô será que lá no além
há descanso para um rejeitado?
Se não me devolve a vida,
mas se há, me enterre logo, de pressa
para que amanhã logo de manhã
eu possa está descansado!
Desculpe o meu mau jeito, seu dotô.
Sei que não falo coisa com coisa,
que estou já delirando;
mas é que sinto meu peito se apertando,
e não tenho força pra não chorar.
Seu dotô, num tenho dinhero pra lhe pagá,
mas me defenda, por favor!
Há de ser que um dia, se o senhor necessitar,
DEUS lhe atenderá
em agradecimento pelo sinhô ter sido o advogado
desse réu moribundo de amor, de cabeça vazia,
de coração ferido e de bolso sem nenhum trocado
mas de alma limpa,
tão limpa quanto
a inocência de uma criança!
Seu dotô, o sinhô é a minha derradeira esperança!
Salve-me!
             


Dedico este poema ao poeta OSRAM, que acabo de conhecer
luznaentradadotunel
Enviado por luznaentradadotunel em 20/09/2008
Reeditado em 23/09/2008
Código do texto: T1187234
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