CONFISSÕES DE ALGUÉM QUE QUERIA SER POETA...
Arriscando-me
Ao velho pleonasmo
Confesso
Que gostaria de ter
Uma pequena centelha de vocês
A meu lado…
Desnudando as palavras
Sem ter bem a certeza
Do que no fim
Irei encontrar
Era meu desejo
Oficio divino
Que as minhas incontáveis palavras
A alguém
Nem que fosse uma pessoa
Pudessem agradar
Caindo
No abismo
Dum rebuscado lirismo
Gostava que as nuvens passassem
E que por fim
Ficasses comigo
Atravessando
A ténue linha
Que separa
A ideia original
Do lugar comum
Era meu desejo
Pouco secreto
Que em vez de dois
Fossemos apenas um…
Pois não desejo graças
Duma multidão
Reconhecimento literário
Duma vasta população
Gostava
(e tão somente isso…)
Que gostassem do que escrevo
Das minhas trovas
Do meu canto ao vento
Porque a escrita para mim é isso
E adorava
Que além da pessoa ínfima que sou
Mais alguém
Tirasse dela
O mínimo provento…