O HERÓI
Desde pequeno eu o via
a andar por nosso bairro.
Não pedia...
QUERIA - lavar nosso carro.
Ele cresceu, perseverou
da sua sina gostou.
Na chuva ou no sol
eu o via da janela
com um monte de flanela
cantando - feliz da vida -
se era esta a sua lida.
Ficou um moço bonito
alto, forte, elegante
um belo representante
dessa raça que um dia
escreveu sua história
na memória da nação.
Outra vez...
No mesmo ônibus entramos;
ele e sua mãe (estava no rosto escrito).
Ele muito solícito
sacola nas duas mãos
alimentos, sacolão!
Aquele menino venceu!
Tão simples o seu viver.
O que fez? Foi só querer!
Não escondo a emoção
Quando faço esta leitura.
E sinto imensa ternura
por aquele que - se quisesse
seria mais um pivete.
Abrindo hoje o jornal
vejo algo sensacional!
Não na página sangrenta
que o mórbido alimenta!
Vejo em outro lugar
um retrato do rapaz
que o repórter descobriu;
além de carros lavar
ser honesto e capaz
é também da capoeira
um expoente, um as!
Hoje ganhei meu dia!
Até que enfim a imprensa
descobre na plebe imensa
seu verdadeiro herói!