O HERÓI

Desde pequeno eu o via

a andar por nosso bairro.

Não pedia...

QUERIA - lavar nosso carro.

Ele cresceu, perseverou

da sua sina gostou.

Na chuva ou no sol

eu o via da janela

com um monte de flanela

cantando - feliz da vida -

se era esta a sua lida.

Ficou um moço bonito

alto, forte, elegante

um belo representante

dessa raça que um dia

escreveu sua história

na memória da nação.

Outra vez...

No mesmo ônibus entramos;

ele e sua mãe (estava no rosto escrito).

Ele muito solícito

sacola nas duas mãos

alimentos, sacolão!

Aquele menino venceu!

Tão simples o seu viver.

O que fez? Foi só querer!

Não escondo a emoção

Quando faço esta leitura.

E sinto imensa ternura

por aquele que - se quisesse

seria mais um pivete.

Abrindo hoje o jornal

vejo algo sensacional!

Não na página sangrenta

que o mórbido alimenta!

Vejo em outro lugar

um retrato do rapaz

que o repórter descobriu;

além de carros lavar

ser honesto e capaz

é também da capoeira

um expoente, um as!

Hoje ganhei meu dia!

Até que enfim a imprensa

descobre na plebe imensa

seu verdadeiro herói!

Maria Eneida
Enviado por Maria Eneida em 04/09/2008
Código do texto: T1161358
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.