TRACTATUS... II (33).- «Na serra nevada ...» // «As palavras... Babel... Pentecoste...»
LVI
Na serra nevada da memória
lembro chairas e chairas extensas,
ateigadas de luz e ermas de fantasia:
Há sotaques bravos de ledices,
multiplicadas, mas esvaecidas já,
como sombras que o vento dissipa amoroso.
Há também tristezas tristes, muito tristes,
como «a beleza das manhãs» esmiuçada
pelos crepúsculos vespertinos apagados...
(Para Ana Maria Ribas Bernardelli,
poeta e crente, com afeto)
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LVII
As palavras... Babel... Pentecoste...
Fitos da Humanidade, que integra,
apesar de tudo, humanos de vários sexos...
Em Babel as palavras foram chumbo
de pecado: Sem olhos, sem coração.
Chumbo em noite preta de soidades...
Por Pentecoste as palavras foram fogo,
luz a imergir olhos e corações no futuro,
essa “cousa” de que falamos (com palavras)
cegos nas esperanças azuis ou acaso verdes...
As palavras de fogo, embora cegas em luz,
abrem os babeis que homens ainda constroem:
Pentecoste «arromba a noite»
e o chumbo triste
muda-se em ouro quase divino...