TRACTATUS... II (31).- «Rios lamentosos...» // «Estou tentado...»
LII
Rios lamentosos e salgueiros:
lágrimas como braços pios suplicantes,
choramos, choram, chorais, choro...
Humanos, todos, cada um a cuidar
a sua lágrima, pérola ou lamaçal,
«pântanos ... de sermos nós» ...
* * * * *
LIII
Estou tentado pelo poeta maldito, que foi
o samorano León Felipe, mas de apelido “Galicia”...
O poema, intitulado “La palabra” (= a palavra),
acaba —ou desacaba— pelo ensejo blasfemo
de lhe romper a frente ao Deus, Alto, Altíssimo:
Quer o poeta saber se dentro do crânio divino...
(Observai a blasfémia... ou a prece...)
habita a Luz... (acho) divina ou o Nada...
que (também acho) seria divino...
Como pretende um varão —embora poeta,
portanto criador (como o Deus!)—
conhecer o que encerra o crânio divino. Não
padece ele, poeta, o que no seu crânio há?
Abandono tão inútil empresa e brado, convicto
e confesso, com a poeta, aflitiva e pungente:
Não quero abrir «os teus portões»!!!