ADEUS, OS MEUS OLHOS NUNCA MAIS VIRÃO OS TEUS

À Borboleta, que já foi muito mais do que isso, já foi um Mundo, um Universo para mim, mas que hoje não passa de uma recordação ainda mais distante do que o tempo era de supor, não passa de uma borboleta entre tantos sinais pictóricos mais ou menos reais que me rodeiam, porque me feriu e magoou fraternalmente ou de outra forma qualquer pois a dor não escolhe adjectivos, escolhe intensidades, e esta é dura, e eu não sei se o fez de propósito, de forma consciente ou se se deixou levar por um tempo mentiroso e me devolveu a taça de amizade que lhe estendi em tempos por outra de fel ou nada se sente a não ser a pena do desperdício de tempo (sempre ele…) e de emoções, por excelência de sensações maiores ou do perecer delas, como é o presente caso, sendo que por uma derradeira vez em relação a ela escolhi este palco literário onde demasiada coisa se passou, sendo que este dia encerra outros passados mas é também o início de novos dias…

ADEUS, OS MEUS OLHOS NUNCA MAIS VIRÃO OS TEUS

Calasse o piano

Colam-se ao vazio

As cordas da guitarra

De uma música

Que já foi nossa

Mas que agora soa a nada

Adeus, os meus olhos nunca mais virão os teus

Quanto tempo passou

Quanto tempo

Desde que despertei

Do meu sonho

De Rei

Do meu sonho

De demasiados sonhos

E que me levaram

A esta espécie de abandono

Adeus, os meus olhos nunca mais virão os teus

Este teu isolamento

Unilateral

Que obrigaste

A ser consensual

A recusa continua

À minha perene

Taça da amizade

Em silêncios que não se percebem

Para meu embaraço

Assim…

De não saber fazer

Do quase nada Teu

Que ainda resta dentro de mim

Adeus, os meus olhos nunca mais virão os teus

E hoje

No Dia dos Dias

Em que estou

À beira de um mar

Que já foi de saudade

A meio da Estrada que leva ao Infinito

Atiro tudo aquilo que sinto

Para o meio desse mar

Deixo

As faúlhas de um fogo agora mortiço

A apagar-se

Na berma silenciosa

Do que já fomos

Farto

De ignorares

Datas importantes

De momentos

Que pensava relevantes

E de só te lembrares de mim

Quando algo de misterioso

Te toca

Mas não me toca assim

Pois há amizades que nascem

Do nada

Que prometem demasiado

Mas que desta forma

Têm

Um fim

Adeus, os meus olhos nunca mais virão os teus

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 08/07/2008
Código do texto: T1070816
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