TRACTATUS... II (21).- Não vejo. Cego... // Habito num lugar ...

XXXIV

Não vejo. Cego quase,

a vida oferece-se-me aranheira de imprevistos,

de contributos absurdos e talvez...

Quem sabe? Haverá «ninguém que não chorasse»?

Tanto amor desenfreado e perdido no caminho...

Tanta dor sem obrigas e, porém, internada em hospitais...

Tanto corpo abençoado definhado na beleza...

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XXXV

Habito num lugar incompreensível:

Por que? Quem me colocou «nessa encrenca»?

Olho e percebo e sofro o que olho e percebo:

Mas que sentido tem tal amargura?

Gritaria, mas de nada vale berrar,

se a terra e as gentes continuam

submetidas ao capricho de seres quase humanos,

reduzidos à miséria de serem governantes...

sem timão nem leme nem navio.