Jerônimo Menino
Para Jerônimo Rodrigues Paixão,
Meu amigo, meu irmão, meu professor.
Compadre Lemos
Pois eu vi esse menino
No Caminho das Estrelas!
Olhava o céu, sol a pino,
Doutor que era, em vê-las.
-Tu vês estrelas de dia?
-Artimanhas da Poesia,
Pelas quais eu posso tê-las!
Pois eu vi esse menino
Meio perdido, no Norte
De Minas, e o destino
Pedindo: seja mais forte!
Seguindo os passos de Rosa,
Buscando por verso e prosa,
Da busca, fazendo a sorte!
Pois eu vi esse menino
No colo de Vó Maria!
Homem feito, perde o tino,
Mas reencontra a harmonia
Nesse colo que acalenta,
Pacifica e apascenta
As lutas todas, do dia!
Pois eu vi esse menino
Nas ruas de uma cidade,
Ouro Preto, Ouro Fino,
Não me recordo, em verdade.
Só sei que tinha na mão
E lia, com devoção,
Um poema de Andrade!
Pois eu vi esse menino
Montado nun elefante!
Ao longe, um velho sino
Festejava, radiante.
Eu vou ser “gauche” na vida,
Dizia a voz colorida
Pela luz daquele instante!
Pois eu vi esse menino
Aprofundar-se em mistérios.
Estudando, olhar ferino,
Assuntos ditos tão sérios!
Outros mundos, dimensões,
Borracheiras, mirações,
Redescobrindo hemisférios.
Pois eu vi esse menino
Certa feita, em Portugal!
O olhar vadio, malino,
Fotografando um beiral.
Mas, ali não estava à toa,
Porque buscava, em Pessoa,
A Poesia Atemporal!
Pois eu vi esse menino
Guiando outros, na vida.
Fazendo, assim, do Ensino,
Uma meta a ser cumprida.
Um menino-professor,
Vivenciando o amor,
Nos caminhos dessa lida!
Pois eu vi esse menino
Sonhar com um mundo melhor.
Ele é grande, é pequenino,
E versos sabe, de cor.
No doar-se, dividir-se,
Espalhar-se, expandir-se,
Não sabe o quanto é maior!
E ainda vejo o menino
Com os olhos do coração!
Diante dele, me inclino:
Amizade e devoção!
A Deus eu peço guarida:
Proteja, Senhor, a vida
Do Menino, Meu Irmão!
***
Compadre Jerônimo, meu irmão,
Que Deus te abençoe sempre!...
