TRACTATUS... II (15).- História / Transitória ... (A)
XXVII
História
Transitória
Do amor que fora
Feliz alcatruz de nora.
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XXVII (a)
Foi em tempos recuados...
Então, jovens e virgens, bebíamos a Vida...
Lembro e relembro:
Corpo de mulher perfeita.
Rosto oval, em beleza vazado.
Cabelos «no sabor do sol».
Peito firme e sensitivo.
Coxas de arredondados enigmas...
Indeciso nas perguntas... sem respostas firmes:
Procuro infinito no finito,
Maldições abençoadas
na sagração do Éden
Lembro e relembro Mito da Caverna,
e Alegoria frutal das sombras.
Desabrochadas árvores bíblicas,
olímpicos frutos para serem gostados...
Ao centro ou no mais profundo das sombras,
Árvores da Vida e da Ciência do Bem e do Mal.
O rio Ganga rega o Jardim do Éden,
Jardim das Delícias ou Paraíso Terrestre, dividido
em quatro braços femininos, lúbricos e sedutores...
A dançarem, as mãos dos quatro braços,
seguram os atributos divinos:
a Concha, o Disco, o Nenúfar e o Cajado.
A Concha encerra o som primigénio
por que o Universo e meu amor nasceu...
No Disco, eco da luz poderosa do Sol,
giram os conhecimentos todos,
fruto dos sentires todos, submissos
à carícia da chuva cobrejante e lasciva
É o Nenúfar flor da Verdade,
abrigada nos ninhos das Ninfas:
Nem lagos nem florestas nem prados nem montes.
Apenas cavernas sombrosas e certas...
Calipso, ninfa do mar, concentrada
no mistério amável da cova libidinosa
à procura do gozo nunca definitivo.
O Cajado onipotente,
Senhor do dilúvio e dos mares
e dos desertos e das sombras projetadas...
Perante tamanha beleza e bondade,
“que fazer?” lenineano pergunto.
Opto por rolar desde o Jardim à Caverna,
extraviar-me «nas sensuais colinas de trigo»
e devotar-me ao desejo virtuoso do prazer.
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(A seguir)