TRACTATUS... II (07).- Dança de perfumes... // Tentava fugir do deserto ...
XIII
Dança de perfumes ou de pétalas
carnais como asas de abraços cingidos:
Espaços quase infinitos de ternura
e cânticos veneráveis à chegada do Amor.
Não se sabe se a palavra foi dita
ou apenas imaginada nos seios da volúpia:
Disse-se e não há resposta?
Talvez calcando «longinquo compasso»
ou dançando sambas azuis
ou riscando neurônios enclavinhados,
ou esgatanhando febril bocas e paixões
Talvez então
a lamber demorado o silêncio aquecido
nos prazeres que os ventos amofinaram
como esmagou Polifemo Ácis rutilante
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XIV
Tentava fugir do deserto indiferente
E voltava ao enleio de uma sova amortecida...
Enxame de reações desmesuradas
em dança linguicida
invade estrondosa a nossa paz,
mal e arrasto quase conseguida...
Dizem-se cientes e cientistas e até sábios
que nem sabem nem procuram amor nem vida,
mas apenas impor-se pela força e violência...
São, sim, deserto maternal, pátria suicida,
em que só medo aninha esvoaçante,
longa noite de pedra submetida!
Parecia que as sombras nalgum momento,
esperançado e raro, fugissem, mas pungida
companha, não santa, de estilhaços em corpos...
dormidos nas calçadas esburacadas e tristes,
enlevados sobre alucinação progredida,
sobre loucuras mestas e enganos volumosos...
Lugar sem distâncias? Convivida
convivência,acaso? Inexiste!! Grilhões sós!!!
Nesta hora, mais uma, de violência desmedida
nem amor nem amizade: Só «vazio das bocas»;
nada o esvaziamento de compreensão valida:
Fugira a pátria maternal, envolvida em inverno
medíocre, por homens impensáveis traída...