TRACTATUS... II (06).- Falemos, Amor, meu amor ... // Doem-me as estrelas ...

XI

Falemos, Amor, meu amor concentrado...

(Cala solene a voar como gaivota:

Silêncio longo só interrupto

por chios desacordes...

À procura de peixes mortos

com que se nutrir obscena

e alimentar filhos famintos, mas inocentes...

Tântalo irredento e anelante

a esvoaçar pelo «êxtase do lamento.»)

Deitado, consumo-me de ti.

Quero morrer em ti de mortes diminutas

como gnomos de cristal em bosque visitado...

Anseio, ofegante, ascender até ao mamilo

em que o prazer estoura tremedor...

Mas, crua, contestas silêncios milenários.

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XII

Doem-me as estrelas e o corpo:

Este, opaco já, como cova sem saída.

Aquelas, sensitivas, sem voz e sem a sombra fugaz das labaredas.

Foi tudo prolongado sentir sem raízes...

Árvores mochas, tristes e aflitas,

como história oficial que tudo oculta,

para apenas entoar mentiras impiedosas

ao Povo infeliz, oficialmente crédulo...