TRACTATUS... (11): Cavalgo... // Sigo, minha amiga, ...
XVI
Cavalgo a tua sombra
ferida de rosa e ouro:
botão a saltitar desejo
cingem arelas e gozos
Apalpo o sentimento
carne de lânguida flor:
primaveras surpreendo
irreais nos olhos teus
Segreda cabelos preguiceiros
fluência de mel selvagem
ardem espaço e tempo:
cornos batem dançam asas
fontes indecisas manam:
da deusa do fogo dessa voragem
de beijos crepitantes no trote
das labaredas:
boa vinda a reiterar-se...
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XVII
Sigo, minha amiga, decerto os voos
das aves.
Peregrino, obstino-me decerto
em transitar, pétala a pétala,
suaves, até te sublimares nas asas
do breve meu prazer inebriado.
Já as árvores se encobrem
de brêtema e de flor,
essa que arreiga na sempre terra
sombrosa e arada.
Crepúsculo e crepúsculo, aurora,
tardinha lene, e no meio o sol,
só sol amedrontado. Abrigo
subtil e rosa acordada tremem
mirrado incenso e lançam mimosa
rede ao peixe húmido do sonho.