VIZINHANÇA

Na rua onde resido,

Tem gente boa e mais...

Nela tenho muitos amigos

Uns, apenas conhecidos,

Solteironas, como há !

Um casal que mora ao lado,

Os dois são aposentados,

Têm apenas uma filha,

Vivem como numa ilha,

Totalmente isolados.

No geral, ficam calados,

Dizem querer se mudar,

Para com a filha morar.

Tem outro casal que mora,

Bem perto do nosso lar,

Quando o pobre está fora

Ela se põe a lhe chifrar,

Não há como não notar...

Isso não é exagero,

Pois posso lhes provar,

Dá-nos até desespero,

Calafrios só de pensar,

Em três casas diferentes,

Seis solteironas descrentes

Desistiram de casar,

Nenhuma encontrou seu par...

Uma senhora religiosa,

Conhecida desde o berço,

É a puxadora de terços,

De todos, a oficial

E fica até vaidosa,

Quando a chamam pra rezar.

Tem o Zé " camioneiro ",

Esforçado e trabalhador,

Mas é muito barulheiro

O barulho do motor.

Entretanto, é gente boa,

Tem uma ótima patroa

E viaja sossegado,

Sem risco de ser chifrado.

Um vizinho meio esquisito,

Não sei qual é seu segredo,

Ou quais são seus requisitos,

Sua vida tem enredo,

Dá pra fazer novela,

Pois já contei nos dedos,

Nem sei os nomes delas,

Está na quarta mulher

O que será que ele quer ?

Tem um que respeito muito,

Faz caixões de defunto,

Fico até cabisbaixo

Pois olha de cima embaixo,

Querendo ganhar freguês,

Desvio mais uma vez !

Nos fundos, um casal

E dois filhos ainda solteiros,

Não nos fazem nenhum mal,

Mas tapo com o travesseiro,

Os ouvidos afetados.

Quando fazem aniversários,

Ficam todos acordados

E com caras de otários.

Uma viúva idosa,

Com a filha separada,

Simpáticas e atenciosas,

Nunca implicam com nada.

Todos são especiais

E gente boa demais,

Nunca vimos uma briga

Ou sequer uma intriga,

São uns vizinhos legais !

Auro.