TRACTATUS... (10): Fendida ... // Olha, leitor-a, ...

XVI

Cavalgo a tua sombra

ferida de rosa e ouro:

botão a saltitar desejo

cingem arelas e gozos

Apalpo o sentimento

carne de lânguida flor:

primaveras surpreendo

irreais nos olhos teus

Segreda cabelos preguiceiros

fluência de mel selvagem

ardem espaço e tempo:

cornos batem dançam asas

fontes indecisas manam:

da deusa do fogo dessa voragem

de beijos crepitantes no trote

das labaredas:

boa vinda a reiterar-se...

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XVII

Sigo, minha amiga, decerto os voos

das aves.

Peregrino, obstino-me decerto

em transitar, pétala a pétala,

suaves, até te sublimares nas asas

do breve meu prazer inebriado.

Já as árvores receptam

brêtema e flor,

essas que arreigam na sempre terra

sombrosa e arada.

Crepúsculo e crepúsculo, aurora,

tardinha lene, e no meio o sol,

só sol amedrontado. Abrigo

subtil e rosa acordada tremem

mirrado incenso e lançam mimosa

rede ao peixe húmido do sonho.