IRMÃOS QUE JAMAIS VEREI

IRMÃOS QUE JAMAIS VEREI

Tenho irmãos que moram longe!

Nunca verei a expressão de seus olhos,

assim como eles jamais focarão em mim os seus olhares.

Nunca sentirei o calor de seus abraços,

nunca apertaremos nossas mãos, nunca enlaçaremos nossos braços.

Nunca sentaremos num barzinho

pra jogar conversa fora.

Jamais faremos caminhadas

pelas mesmas trilhas.

Nunca tocarei nem cantarei para eles,

assim como jamais os ouvirei tocando ou cantando para mim.

Nunca deitaremos nossas cartas

na mesa e nem falaremos

das penosas cartas que a vida

nos fez ocultar nas mangas.

Nunca eles saberão de fato

como é o meu cotidiano

e nem eu saberei como eles são

no seu dia-a-dia.

Nunca riremos juntos por qualquer pequena ou grande alegria,

nem estaremos juntos nas horas das nossas crises, angústias ou agonias.

Sei que existem, que me amam

e sentem a minha falta.

Sei que eu os amo tanto,

que neles me diluo!

Eu os vejo todos os dias numa pequenina tela de ilusão:

frágeis e irisadas libélulas

que cá chegam nas asas

de uma canção, prosa ou poema.

(...) enquanto eu os alcanço

todos os dias levando-lhes

um tantinho do meu amor

em meio às minhas sublimadas

e subliminares mensagens

que tomam forma de tudo,

mas redundam sempre na

mesma - e tão antiga - cantilena.

ivanilson pereira
Enviado por ivanilson pereira em 12/06/2008
Código do texto: T1031381