A LÍNGUA






É a mais faminta dos sentidos
Escuta a hora do almoço
Das tortas vitaminadas
Salta de bandeja no mar
E recupera os peixes
Ausculta o cheiro do cigarro
Da roupa minúscula...
Branda na esquina a cachaça
E a água mineral

No céu
Anuncia a propaganda dos beijos

No quarto
Alimenta-se de suor e brisa

Na boca
De salivas quentes e vorazes

A língua
É a fonte de desejos inesgotáveis