Pau bruto
Edson Gonçalves Ferreira
Serviço pesado nunca foi para mim
Nasci para o leve das coisas
Que minha alma bordada foi em cristal
E não atendia nunca
Coisas que só o coração explica
A voz do velho chamando
A madeira para segurar...
Já estava -- e ele não sabia --
Com a preciosidade mais rara dela
Jóia encrustrada nos dedos: um lápis
E com ele traçava a geografia inexata
Aos nove anos de idade
Da minha vida de poeta mais
Mais pesada que as toras de madeira que meu pai serrou.
Divinópolis, 31.04.93 - feito na UFMG