perdido no oceano

posso ser o mineiro

já fui o alcoviteiro

o casamenteiro já fui

fui o cupido do Rui,

do Bastião, do José

eu só não fui Zé Mane

graças a Deus, isso não

mas já fui alagoano

e sergipano também

e por paulista passei

fui o vassalo do Rei

e o índio americano

eu já passei por mulher

fui produtor de café

dono de carro de luxo

pensaram que eu era gaúcho

já me chamaram de artista

e até de comunista

e de congregado mariano

à igreja pertenci

àquela do Vaticano

só faltou que eu me lembrasse

que eu me lembrasse de mim

isso é o que ainda procuro

no meio da multidão

ou no esplendor do clarão

do sol da linda manhã

ou nas cores infinitas

do espectro do arco-íris

quando ele cai e me dizes

que ele afunda no mar...

Rio, 12/12/2006