A FLOR DO PANTANAL
Cortava triste a corrutela,
Levando a viola no peito,
Quando a vi numa janela
Me olhando daquele jeito.
Pensei quem será ela?
Deu um calor no meu peito,
Um frio na espinhela,
Fiquei assim, meio sem jeito.
Manhã de inverno era aquela
Em que perdi o caminho do eito.
Pedi pra ir ao terreiro
Ela aceitou sem espanto
E me disse: violeiro
Deixe a viola num canto.
Falei meu nome primeiro
Ela sorriu com encanto,
Um olhar verde faceiro,
Cabelos iguais a um manto.
Ficamos um dia inteiro.
Jeitosa, enxugou meu pranto.
Falava de si, e eu de mim
E a prosa mais se animava.
Passamos esse dia assim.
Seu sorriso iluminava,
Qual sorriso de um querubim.
Cada vez mais eu gostava,
Mas o dia chegava ao fim
E a noite já me aguardava.
Pedi pra voltar, disse sim.
N’outro dia lá estava.
Olhando nos olhos dela,
Uns versos que fiz, afinal,
Em baixo da sua janela
Cantei e me fez um sinal.
Hoje só vivo pra ela.
Sou homem feliz sem igual.
Vamos cruzar a pinguela
Que vai nos fazer um casal.
Será a noiva mais bela
A mais bela flor do Pantanal.