Ao amanhecer...

Amanheceu chovendo lembranças

Pessoas, amigos, lugares, eventos...

Passagens dos meus dias de criança

Veio tudo com o vento em meu rosto.

Onde a inocência se fazia presença

São tantas que o mar daqui assopra

De um mundo pleno de esperanças

Vejo que junto a elas a mente alopra

Porque está ébria e plena de raça.

Naquele chão habitava a doce flama

Os fios da meada a mim se desenlaçam

No peito ainda de menino... Que clama!

De uma riqueza destemida que abraça

Rebobina as suas façanhas e manhas

Entre o frio causticante que pede e chama...

Pela poesia... A me devolver àqueles dias

Quero reinventar a minha vida

Viajar no tempo...Voltar à minha infância

Dos bilhetinhos de amor pra namorada

Das pescarias e das caçadas

Das noites de belas serenatas

Onde a tristeza... Desencantada

Não fazia... Nem tinha morada

E se acampava em noite enluarada

Ah! Como arde este meu peito

Ao rebobinar assim tantos feitos...

Daquele menino traquinas... Esperto!

Seus trejeitos...Descobertas...Artimanhas

Sem máscaras...Sem talvez ou verniz...

Aprendiz de poeta da vida... Feliz!

Menino puro... Lá do meio do povo.

Saltitando a sua contagiante alegria

Guerreiro destemido sempre novo

Saudades daquela idade que contagia.

Onde não havia espaço para a maldade

Só o sopro suave de projetos e sonhos

No despertar da sua tenra mocidade

Onde nada lhe parecia tão medonho

Aquele pimpolho sente-se na eternidade

Volta e meia ele volta e sacoleja...

Aparece-me no espelho sorrindo

Com sua gostosa estridente gargalhada

Descortina portas e janelas se abrindo

Aquecendo a minha fria madrugada

Meu amigo e companheiro de jornada.

Aqui é e sempre será o seu lugar... Fique!

Não vá mais embora... Permaneça comigo.

Me acompanhe para os dias que virão.

Parceiro corajoso, leal e melhor abrigo

Para que possa cumprir o resto da estrada...

Hildebrando Menezes

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 23/02/2008
Reeditado em 26/06/2012
Código do texto: T872115