Eu e Fernando Pessoa

Eu e Fernando Pessoa

Sou eu, na brisa leve, sonhador,

Que caminha entre versos e solidão,

E ele, o espectro profundo, criador,

Pintor de almas, sem hesitação.

Fernando, espírito plural, viajante,

Em cada palavra, um mundo se forma,

Nos seus heterônimos, um amante,

De tudo que é vida, sonho e norma.

Nos cafés em Lisboa, me vejo a vagar,

Com suas rimas ecoando na mente,

Um diálogo íntimo, a nos encantar,

Na prosa e na poesia, um laço presente.

Eu falo de amores em tardes passadas,

Ele faz do desgosto, arte e canção,

Na dualidade humana, almas entrelaçadas,

E a razão se perde em tanta reflexão.

Sou eu, no dilema entre o ser e o não ser,

Ele, no horizonte, traçando o abismo,

Na busca eterna de um sentido a tecer,

Na indagação eterna que é o realismo.

Ah, Pessoa, meu amigo, meu guia,

Entre café e letras, o tempo se esvai,

E na busca do eu que se contagia,

Descubro em ti um pedaço de mim, um pouco mais.

E assim seguimos, poetas errantes,

Caminhando em versos, em sonhos e fado,

Na dança das palavras, eternos amantes,

A vida, uma poesia, em cada passo dado.

EscritoraVeraSalbego