Desafinadamente
O que me impede de cantar?
Se sou desafinado ou afinado,
Éo meu canto,
E não faz diferença alguma.
Canto para o meu prazer,
Canto para afogar meus sentimentos,
Minhas mágoas, meus deslizes.
Não tenho pretensão de palcos,
Não quero aplausos ou plateias,
Nem me importo com holofotes.
Eu vivo para cantar,
Quero é me divertir,
Quero mergulhar nos meus encantos,
Cantar para o coração sorrir.
Que os afinados me perdoem,
Que os chatos me suportem;
Se não queres ouvir meu canto,
Não queiras meus lamentos sucumbir.
Eu solto a minha voz,
Canto minhas próprias melodias,
Arranjos são suportes indispensáveis.
Quero é cantar à capela,
Mas, se precisar, chamo uma orquestra e canto uma ópera.
Quero é ser feliz.
Que meu canto seja doce,
Que meus pensamentos sejam leves,
Que minha voz saia desinibida,
Que eu encontre quem queira me ouvir,
Que eu encante alguém com meu canto.
Porque, de que vale cantar se não tenho ninguém para escutar?
De que vale ser feliz?
Ando tão só...
Mas eu canto porque me sinto só.
Ju Lúcia Nascimento
Membro imortal da Academia de Letras de Araguaína - TO
ACALANTO