NA MINHA RUA
Camelôs inquietos na calçada,
uma triste mulher na janela,
das cinzas da madrugada
um boêmio a olhar pra ela.
Choramingo de uma criança,
latidos de cães vadios,
o ancião em lenta andança,
a sós com seus sofridos vazios...
O vai e vem de trabalhadores,
insanidade, a cotidiana confusão.
Jovens a sorrir, sonhadores...
Balbúrdias, alaridos em profusão,
sons incômodos na vizinhança, momentos...
Estridentes sirenas prenunciam,
trágicos e sombrios acontecimentos.
Os sinos tangem e anunciam o anoitecer na minha rua.
No lusco-fusco, silêncio marca presença em plenitude,
estrelas, nuvens e lua
prescrevem a amarga sentença: noites insones,
prelúdios de sua ausência...
Maurélio Machado
Do meu livro "Poeteiro de Rua"
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