A felicidade?

A felicidade?

Ah! Deu um berro hoje de manhã.

Gritou vermelha e profunda

Na branquitude do céu.

E saiu esparramando-se toda

Na serra, no campo,

Na paisagem.

Melindrou-se um pouco

Foi com as venturosas penas

De um corrupião imitador.

Mas deu-lhe também matizes

Entre a folhagem outonal,

Derramando quentura

Em suas asinhas pretas.

O pobrezinho murchava,

Mas quentinho, cantarolou.

Coisa da felicidade que mora

Nos costumes sensíveis,

Na simplicidade luxuosa

Que há na mata virgem.

A felicidade é quentinha.

Faz é amornar a gente por dentro.

E nessa quenturinha gostosa,

Reluz nos dentes,

E nos olhos,

E na incapacidade

De se esconder

No profundo

De nós.