Onde a fronteira e o riso
E eu acho isso meio divertido, como uma dança no limiar dos extremos, onde a fronteira entre o riso e a tristeza se esvanece como a fumaça de um sonho. Na penumbra dos meus devaneios noturnos, encontro um teatro peculiar, onde a comédia e a melancolia entrelaçam-se em uma sinfonia inusitada.
Às vezes, é um riso que brota das profundezas da alma, uma risada que ressoa pelos corredores do inconsciente. Uma ironia sutil permeia os enredos oníricos, e eu me pego rindo das reviravoltas surrealistas que a mente tece enquanto o corpo repousa.
Contudo, há uma sombra de tristeza que paira nos sonhos onde encontro minha própria mortalidade. A morte nos devaneios noturnos não é um fim, mas uma transformação, uma jornada que se desdobra em paisagens desconhecidas. É como se, na penumbra dos sonhos fúnebres, eu encontrasse a beleza efêmera da transição, onde o último suspiro é o prelúdio para novas formas de existir.
Os sonhos nos quais estou morrendo tornam-se, paradoxalmente, os melhores que já vivi. Não pela morbidez, mas pela revelação íntima que surge quando confronto a própria finitude. Cada cena de despedida é uma lição de desapego, uma dança com a efemeridade que permeia toda vida.
Assim, nessa dualidade entre o riso e a tristeza, entre o divertido e o melancólico, percebo que os sonhos são o palco sagrado onde a psique se expressa em sua linguagem mais profunda. São narrativas oníricas que, como fios de uma tapeçaria celestial, tecem a complexidade da alma humana. E, ao despertar, carrego comigo as nuances desse espetáculo noturno, onde a riqueza da existência se desvenda em nuances de emoção que só o mundo dos sonhos pode oferecer.
Diego Schmidt Concado