Chega uma hora
Chega uma hora em que as palavras se tornam sombras, esgueirando-se pelo corredor silencioso da alma. O peso dos pensamentos, como uma névoa densa, envolve a mente, e é nesse instante que compreendemos: os problemas são nossos, um labirinto particular que só nós podemos explorar.
É como estar em um barco à deriva na vastidão do oceano noturno, onde as estrelas testemunham silenciosas as tempestades internas. Não por falta de amor ou empatia ao nosso redor, mas porque, no íntimo da jornada, cada um é o navegador solitário de seus próprios mares turbulentos.
E nesse oceano de pensamentos, as palavras se perdem como mensageiros desorientados. Tentamos desabafar, mas a compreensão alheia parece distante, e as lágrimas, mesmo que caídas, são salgadas e íntimas demais para serem compartilhadas completamente.
Assim, aprendemos a abraçar a solidão dos nossos dilemas, a reconhecer que as dores são como letras de um alfabeto único que só nós dominamos. À medida que o silêncio se torna nosso confidente, descobrimos uma força sutil na solidão, uma capacidade de encontrar respostas nas profundezas de nosso próprio ser.
Nesse reino introspectivo, os problemas não são apenas obstáculos, mas também pedras fundamentais que erguem a fortaleza da nossa resiliência. Em meio à solidão aparente, cultivamos um jardim secreto de superações, onde cada semente plantada é um passo em direção ao entendimento próprio.
Assim, nas horas em que não há ouvidos prontos para escutar, nos tornamos os narradores íntimos das nossas histórias. Os problemas são capítulos complexos, mas, ao entendê-los sem a necessidade de explicá-los, transformamo-los em páginas de autodescoberta.
E, por mais que a jornada seja solitária, há uma beleza na autonomia da compreensão. Afinal, na encruzilhada dos sentimentos, somos os únicos a decifrar os enigmas das nossas próprias dores.
Diego Schmidt Concado