Sou deixada para trás
Sou deixada para trás com um buraco vazio, uma lacuna que se estende além do alcance das mãos. Olho para dentro de mim, mas tudo o que vejo são os resquícios do que um dia fui. O eco dos risos, a sombra das memórias, tudo se perdeu na vastidão desse vácuo.
Tentei preencher esse vazio com a presença de outra alma. Busquei nos olhos alheios a promessa de completude, como se encontrar em alguém mais pudesse restituir o que se desvaneceu em mim. Mas descobri que nenhuma outra essência pode preencher o vazio que só pertence a mim.
Nessa jornada em busca de integração, descobri que a completude não reside em alguém além de mim mesma. É um encontro interno, uma aceitação profunda do que sou, mesmo quando sinto que partes de mim se perderam pelo caminho.
Na ânsia de preencher o buraco, percebi que estava me esquecendo de reconhecer a beleza do que restou. Cada fragmento, por menor que seja, é uma peça valiosa do quebra-cabeça da minha existência. E, no vazio, talvez eu encontre espaço para crescer, para criar algo novo a partir do que foi deixado para trás.
Não é fácil confrontar a solidão que se instala no buraco vazio, mas é na aceitação desse espaço que posso começar a reconstruir. Talvez, ao invés de procurar a completude em outros seres, eu deva aprender a ser suficiente para mim mesma. Descobrir a plenitude na solidão e, assim, permitir que novos capítulos da minha história se desdobrem.
O buraco vazio é um convite à reflexão, um chamado para redescobrir a minha essência. E, enquanto caminho por essa jornada solitária, carrego a esperança de que, no silêncio do vazio, eu encontre a força para me reconstruir e renascer, completa e inteira, a partir do que sou.
Diego Schmidt Concado