Mãos sem forças
Eu não tinha estas mãos sem força, antes eram como asas ágeis que dançavam com o vento, mas agora repousam, paradas e frias, como se a vida tivesse se retirado delas, deixando apenas a memória do toque.
Meu coração, outrora pulsante com fervor, agora se esconde nas sombras, silencioso e contido, como uma estrela que perdeu seu brilho. Não sei dizer quando exatamente essa transformação aconteceu, quando minhas mãos perderam sua vitalidade e meu coração se tornou um murmúrio distante.
Não dei por esta mudança, foi sutil e silenciosa como a chegada do crepúsculo, quando o dia se despede suavemente e a noite se insinua. Olho-me no espelho, buscando a face que um dia conheci, mas ela parece perdida em alguma dimensão distante.
Onde foi parar a jovialidade que um dia habita em meus olhos? Onde foram parar os sonhos que alimentavam minha alma? Em que momento a juventude escapou de minhas mãos e a vitalidade se desvaneceu, deixando apenas vestígios de uma existência que um dia foi plena de promessas?
Neste instante de introspecção, questiono a natureza efêmera da vida e a passagem do tempo, que transforma o vigor em quietude, a paixão em serenidade. Ainda assim, busco encontrar beleza nesta metamorfose, nesta jornada silenciosa para o interior de mim mesma.
Quem sou eu agora, senão um reflexo do que fui e uma antecipação do que serei? Enquanto observo minha imagem no espelho, tento encontrar respostas, tento reencontrar a face perdida. E, no silêncio que se estende entre as palavras não ditas, encontro a aceitação serena de que, embora tenha mudado, ainda sou eu, ainda sou viva, ainda sou capaz de amar e ser amada, apesar das marcas do tempo que, em sua inevitabilidade, apenas intensificam a beleza da jornada humana.
Diego Schmidt Concado