O AVENTAL
Até os dias de minha trajetória atual
Carrego a força de uma lembrança
A importância de um surrado avental
Que marcou forte a minha infância
Toda manhã ao despertar
Sentia uma alegria aconchegante
Quando ouvia aquele farfalhar
Do avental em seu abanar constante
De longe já avistava a sua maestria
E como um fole agitado que clama
Se punha diante do fogão como guia
Dando força para avivar a chama
Era um auxiliar sempre presente
Tinha funções muito importantes
Ora era luva para tirar a panela quente
Noutras proteção de brasas faiscantes
Servia de sacola para as verduras
E cesto para carregar frutas e pão
As vezes se fazia de ataduras
E também secava o suar no verão
Quando a tristeza se apresentava
Pela saudade dos ausentes
Ele era lenço que secava
As lágrimas de seus entes
Sempre ajudante fiel de parteira
Que trazia luz a uma nova vida
E quando acomodado na cadeira
Era o colo que dá acolhida
Ainda sinto a grandeza dos laços
E o cheiro daquele velho avental
Que me doou tantos abraços
De puro amor incondicional