Cor da Arte

Desliza suave

Na liberdade,

No branco,

Na nata,

No creme...

E a cor voa,

Flutua,

Preenche,

Recorta o caminho

Com a lâmina da tinta.

Delineando linhas,

Mais linhas

E curvas...

Do invisível

À magia,

Descreve a poesia

No balé do pincel.

E vem a cor,

Célere ou dengosa

Trazendo no vôo livre

A beleza sublime,

Ilusória ou real,

Insensata,

Ou por demais abstrata.

Marca que os olhos não vêem,

Só a alma detecta,

Conecta com o além.

O preto,

O escarlate,

Depois o púrpura,

E talvez... um azul.

Da paleta

Ou da lata,

A cor lambuza,

Enfeitiça

E realça.

Emerge do pano,

Da árvore

E porque não do concreto ?

Dispersa a ansiedade

Da busca incansável,

Sacia a fome de cor

Que alimenta meu ser.

Como a lava candente

De um vulcão em erupção

Jorrando das entranhas,

Ardente,

O sangue incandescente da fantasia.

E das profundezas

Renasce,

Cresce ...

Amadurece a necessidade

De toque da mão,

De brilho

E dá à luz ao filho,

Gerado do branco,

Vazio que não gosto de ter.

O filho da arte e da cor,

Então, finalmente,

Trás na imagem,

O fastígio e o prazer.