O tempo e a felicidade.
Um dia, um pedaço do tempo caiu em meus braços, e se fez felicidade. Cronometrei cada segundo e vivi cada minuto como se fosse eterno. Outro dia acordei e percebi que havia perdido. O tempo é assim: se reparte, se fragmenta, se esfarela, se dilui em nossos instantes e num indo e vindo, sai causando um rebuliço na alma, preenchendo nosso vazio de cor e brilho por um determinado momento, depois vai embora.
A felicidade é só um vulto que vem e vai na hora em que bem quer.
Há dias que ela vem em forma de gente, há dias que ela vem em forma de coisas; noutros, ela vem fazendo festa: assanha o riso, espalha brasas em nosso interior, incendeia os nossos desejos, bagunça tudo – e se escafede.
Felicidade é um vento que chega do nada, faz um redemoinho, sacode a poeira, joga um cisco no olho da gente e vai gargalhar noutra freguesia.
A felicidade é um relógio que atrasa, faz a gente perder a hora e a noção de tempo e de espaço.
Felicidade é não se perder no tempo, é viver cada ano de nossas vidas em comunhão com tudo que for paz, que for ternura, que for plural, que for amor.
AUTORIA: MACIEL MELO
POETA , COMPOSITOR E CANTADOR PERNAMBUCANO.