CINCO CENTOS
CINCO CENTOS
Senhoras e senhores,
Em tudo que até hoje
Conseguí escrever,
Tem pedação de vontade
De vos bem entreter.
Vasculhei por temas,
Catei rimas,
Contei sílabas
E borracha usei,
Mas à limpo passei.
Nos poemas me apoiei,
Nos desertos sobreviví,
Nos vazios me completei
E narrei mundo que ví;
Ainda que não tão doce.
Mais amargo se fosse,
Mais poemas haveria;
Dores fustigam poetas
Que deixam coração gritar
Sempre assim, sempre será.
Para enxergar ossos
Tem-se radiografia,
Para poetas, seus escritos
São biografia,
Coração em fatias.
Na adega dos poemas,
Abrigo da poesia,
Moram meus pensamentos,
Expressões líricas
Dos meus sentimentos.
Oito anos depois
Da primeira capa
Ao mundo mostrar,
Entusiasmo crescido
E versos cobrando falar.
Aos poucos fui juntando
Duvidando que alcançaria,
Admirando todos os rebentos;
Peça que agora se lê
Tem o número quinhentos.