PERTENÇO 36 💠
Permaneço ocluso em resma
Metade de mim se abre
A outra metade se fecha
Dividindo-me aos meios
Nas raríssimas palavras que me restam
Regresso
E deixo pra trás a sombra nos caminhos de pedras
Se me perco entre as moradas
Me atravancam entre as estradas as cancelas
E um olhar selvagem me espreita
Como quem vigiava uma chama ao vento em posta vela
Pertenço ao lugar ao qual pertenço
E pertencendo me extravio dos começos
E me perdendo, perdido eu me rendo
E assim ao me despedir do mundo
De perdidos me defendo
Desfragmentado retrato no muro
Mágica no escuro
E lógica caótica no absurdo
Desvendo
Mesmo assim me pertenço
A não ser que me engane
Por uma mentira em que eu não estivesse vendo
Ou a um poema que não fosse feito de nada
Nunca escrito
E que eu estivesse lendo
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