Ninguém poderá...
Antes de ti...
Pouco antes, de teu belo porvir
Um frio destoante e destemperado, intercalado
Por sopros quentes e rajadas de ventos, ...de ventos gelados
Pareciam querer marcar, a retardar sua combinada aurora!
Antes do debutar de teu colorido...
Mais perto de trajares, teu lindo rodado, vestido florido
Por momentos castigaram-nos, secas e sequidão
Também um calorão extemporâneo, amistoso, intempestivo e provocante
Escaldaram nossos dias...dias que me fizeram lembrar do verão, e de você
A desejar com veemência, por apressar tua antecipada e majestosa vinda!
Antes de teu definitivo apontares...
Bem pouquinho, antes de tu chegares
Pra realçar nossas manhãzinhas radiantes
Nossas tardinhas douradas, acendendidas no horizonte
Vendo toda luz do sol, evoluir a um irrepetível arrebol
E nas noites e madrugadas, promessas de mais quimeras...
Antes de luzir para nós, teus caminhos
Agora, em cima dos voares abençoados e alaridos, dos teus passarinhos
Uma chuvinha fina, quis varrer (e varreu) os duros tapetes de pedras
Encarregando-se de guiar cuidadosamente o féretro dos dias frios
Ciceroneando, com certa dor o senhor inverno, até seus refrigérios aposentos!
Mas não se pode...
Ninguém deve, nem terá poder de bradar, por teu advento premente
Também, ninguém que quiser, pode ou poderá retardar tua almejada vinda
Nunca, ninguém conseguirá te apartar, a te envolver com um infinito pano negro
Sequer para apagar uma faísca de um raio de sol; quanto mais seu total esplendor.
Não existe quem poderá dissuadir, pra escapar de teu imo, aves, pássaros e seus ninhos
Toda vida terrestre que te anseia, animais dos campos silvestres, de tuas veias
Afinal, quem poderá dizer, não... Eu não quero que voem e fiquem felizes, abelhas, borboletas e joaninhas
Duvido ter, quem possa impedir de alegrar-se e tirar do papo o canto da sabiá laranjeira
Quem terá a audácia de espantar das galhadas, das árvores e das flores, os beija flores
E quero ver então, quem poderá impedir tua vinda, “senhorinha enfeitada”
Quem poderá impedir a tua chegada, oh! Majestosa Primavera...
Sabe quem? ninguém...