A VOZ NA ALMA FRIA

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Dos vales vem a voz do canto

No orvalho

Da trilha, da penumbra,

No penhasco

Do desfiladeiro que circunda a vida

A voz é pesada e fria

E nevava

E na nevasca ardia um coração de lobo

Hirto mato e terra gelada

Quase nada eu sentia

Entorpecido pelo frio que gelava

A voz se faz ser, de duro cerne e aspereza

Casco de ostras, madreperolado

De intrínseca e peculiar beleza

Mas ecoava num grito lancinante enquanto a neve caia e era fria

Escuto:

---- "Vim do nada, pela tundra eu deslizava..."

Vem das alianças quebradas

Vem da honra que num boato fora desperdiçada

Vem dos ressentimentos

E de mágoas destoadas

A voz calava mas se fazia ouvir

E com os ouvidos eu ouvia

E a voz distava e assim se aproximava

Suplicante e fria

E ria

Se fez de áspide e melancolia

Paixão, serpente

E assim como um fogo na alma

Nos habitaria

09/09/2022

15:46h

Selton A Jhonn s
Enviado por Selton A Jhonn s em 10/09/2022
Reeditado em 10/09/2022
Código do texto: T7602449
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