CANÇÃO DO LAMENTO NENHUM
Cantaremos à dor, meus iguais
Cantaremos a canção nenhuma
Elevai a voz ao tormento da carne nua
Da dor submetida às massas,
dominam os pseudointelectuais
Cantaremos também à covardia
Estaticamente entoaremos um hino à introspecção e a herói nenhum
Esperaremos sem esperanças por momento algum
Enquanto discursamos palavras tortas à revelia
Enquanto existir boca
Há de existir a poesia
Faremos breves cantos e elegias
Na harmonia dissonante em fracas melodias
Em tercetos cantando a canção primeira
As rimas insensatas já se ouviram ingratas
Versando uma frase plena na cantilena derradeira.
Os poetas do caos já declamam e rimam com excelência
Assuntos insidiosos em vã sapiência
Nascendo universos próprios em direção ao cosmos
("Que indecência!!")
Celebremos o chegado dia de não termos mais satisfação
Não importa se decorado o refrão ou esquecido bordão
O que importa é fingir que nada foi por acaso
E tudo foi culpa do destino
E como pirraças feitas por meninos
As nossas pérolas espalhadas arrebataremos das mãos daqueles porcos clandestinos
É chegado o dia da insurreição dos tolos
Quem cantar por último
É porque não entendeu a canção
Nem pode espalhar a mensagem
Nem dizer que sim
Nem que não
Enquanto o outro sorrateiramente
Adulterando esculpe a própria imagem
Tentando com suborno assassinar a razão
Fazer da chama que atropela o fogo
Um derradeiro ato de coragem
20/08/2022
04:37