Tempestade
Veio com brutalidade,
com força,
como um grito,
no eco dado.
Era a mais bela,
a mais perfeita,
a que me faltam palavras,
para descrever sua beleza.
No repouso que eu estava,
ela trouxe o movimento,
a quem deu origem,
a uma nova poesia.
Como tempestade,
derrubou barreiras,
balançou as palmeiras,
levou toda a poeira.
Deixou tudo limpo,
tudo renovado,
um papel em branco,
para ser de novo rabiscado.
Era Phanes escrevendo,
dizendo,
que Uranos iria de novo,
estar com Gaia.
Era Afrodite,
ofegante,
junto ao seu amado,
e auricoroado Adônis.
Eu escrevendo aqui,
meu nome,
talvez o dela,
ou só um pronome.
Eu vôo,
eu crio,
com os Erotes vibro,
o crepúsculo, e a noite.
Talvez eu seja Vênus,
ou Phosporus,
de coração coroado,
em meio ao mar bravo.
Eu escrevo,
eu desejo,
eu almejo,
eu coloco meu nome.
Não sei quem sou,
não sei quem fui,
não sei meu nome,
só tenho fome.
Tempestade,
escreva meu nome,
me leva além do horizonte,
me leve além, e para longe.
Talvez eu vá,
e não volte,
o ar é poderoso,
e a terra forte.