FILHO DE COLONO

Ser filho de colono é um privilégio,

Fiquei com costela dum português

E dum africano, herdei costumes

E hábitos distintos mas mui nobres,

Privei com pessoas, ricos e pobres,

Do passado trago boas memórias,

De bonitas e fascinantes histórias,

Que ao serão me eram narradas

Por minha irmã, minha educadora,

Que era a minha doce protectora.

É um privilégio ser filho dum colono,

Tenho direito a dupla nacionalidade,

Pena é na prática ser tão diferente,

Não se aplicando esse meu direito,

Deixando-me mui triste e sem jeito.

Tenho sensações de luso e africano,

A nostalgia de lá e a tristeza daqui,

Nāo sei que é a verdadeira alegria,

Esta só senti com os filhos, netos

E bisnetos, minha mulher e afectos.

As primeiras letras aprendi com amor,

Os namoricos surgiram em criança,

A poesia intrometeu-se de permeio

Fiquei rendido ao verso e à crónica,

Escrevi temas bonitos ao meu jeito.

Bendito o dia em que nasci naquela

Terra africana e fui educado na lusa

Terra, onde me fiz homem tão sério

Como se fosse tudo grande mistério,

Que eu irei aceitar como minha musa.

A meu pai presto a minha gratidão,

Por me ter dado tão bom privilégio

De ser um africano e um português,

Com sentimentos repartidos a duas

Pátrias distantes como fases da lua.

Ruy Serrano - 29.09.2021

Ruy Serrano
Enviado por Ruy Serrano em 29/09/2021
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