Ipê-rosa
Minha árvore favorita foi cortada
Ela dava as mais belas flores
Mas foi cortada
E eu que morria de amores?
A natureza não mais havia de merecer
Admiração alguma e fotografia sequer
Troncos infelizes e caquéticos a perecer
Minha felicidade, bexiga murcha qualquer
Hoje ganhei um presente
De uma outra árvore em uma outra rua
Dos céus à minha mão nua
Flores rosadas de um ipê valente
Da remanescente vida na cidade
Agraciada fui e, com suavidade,
Eternizei o momento com poesia
Um punhado de flores e minha alegria