CANTORIA DA VIDA
(Socrates Di Lima)
Num final de tarde morena,
Cantei o meu poema de amor.,
Abri as cortinas do palco em cena,
Interpretei dramaticamente a minha dor.
Chorei arrastando-me ao chão,
Como um escravo da vida e seu chicote,
Já não tinha mais unha na mão,
Pois ficaram cravadas na terra da minha sorte.
Clamei ao meu Deus em súplicas,
E minhas lágrimas banharam minha dor...
Eram cenas fortes e públicas,
E todos que viam teciam seu clamor.
E assim, os ouvidos recebiam,
O tom fúnebre dos meu gritar,
E fechavam os olhos e não viam,
Para não terem que chorar.
E a minha dor se fez cântico,
No canto mais triste na boca do luar,
Tinha um tom um tanto irônico,
Que na penumbra da noite não pude olhar.
Cantei, chorei, sorri, interpretei...
Eram cenas vivas do teatro da minha vida...
Perdi meus amores que ficaram por onde andei,
E no palco da vida, interpretei minh´alma renascida!