VIDA DE SABUGO
VIDA DE SABUGO
Carlos Roberto
O pobre sabugo coitado
Tem muito do que reclamar
É um sujeito muito azarado
Só lembrado na hora do azar
Durante anos foi cultuado
Como herói o do banheiro
Como rei ele foi reverenciado
Na hora de limpar o bosteiro
Ele reza pra não tirar sua roupa
Aqueles belos dentes de milho
Pois sabe que vai para poupa
Vai limpar pentear e dar brilho
Quando chega na cazinha da roça
Escalado como profissional de limpeza
Ao terminar o serviço é jogado na fossa
Fez sua tarefa a bunda ficou beleza
Diante da gloriosa e sublime profissão
Trabalhar em condições insegura
Ele registrou reclamação no ministério
Fazia do dia dia uma vida dura
Exigiu os EPIs para sua segurança
Máscara óculos desinfetante
Queria perfume francês na poupança
Ele alegava perigo constante
Ele resolveu fazer seu protesto
Como forma de expor sua revolta
Elaborou um rigoroso manifesto
Não trabalharia nem com escolta
Entrou numa greve de bunda
Não faria qualquer limpeza
Numa crise higiênica profunda
Na bunda causou tristeza
Chamaram para negociar a pauta
Fizeram a ele uma contra proposta
Aproveitando a moral dele em alta
Mandou a bunda cuidar da bosta
Estou farto deste mau cheiro terrível
Não vou me humilhar nem rebaixar
Vou tocar minha trajetória sofrível
Sem ter bunda fedendo pra cheirar