A CANÇÃO DO VELHO NEGRO
Sei ... a maioria de vocês é branca.
Branca e jovem e sou negro e velho.
Vocês vivem e estão em primavera franca
E a minha jaz como o Sol a perder hélio.
Gostaria que entendessem isto: Lindo mundo!
Vivemos sim num mundo lindo, lindo.
Sei que houve sangue, mas pulsou segundo a segundo
Antes de ser derramado na arena com todos rindo.
Como velho que sou, canto e componho versos.
Sei que o Mal nos espreita e nos quer caídos ...
Mas, queridos, tudo rui se ruir a esperança,
Não deixe tal chama de amor no adverso
E que belezas, ternuras, sejam como nunca houvessem sido.
Beleza e Bem são consortes, ela canta e ele dança.
Sim, vocês podem ser arremessados ao redemoinho
E os braços se debaterão contra as coisas em curso,
Mas reparem o céu, não lhes parece belo belo ?
O fundo tenta sugar-nos e decepar-nos com ancinho,
Mas não é melhor esperar, deixar pulsar o pulso,
Entender que há cores como azul, lilás ou amarelo ?
Gostaria que compreendessem isso... e a vida, linda,
Vale mais do que supomos e agora quando a minha finda
Vejo-me aqui, a dizer-lhes que o mundo é ...
Que o mundo poderia ... tenhamos ... fé ...