O futuro e a menina
Desde pequenina
corria a menina
E, quando caia,
Tinha certeza: nascia,
A rima.
crescera encantada,
com seus pais
Sua casa
e a cachorra
Que a acompanhava.
via em tudo,
Poesia.
Sozinha, em seu quarto,
escrevia.
O que tinha a dizer a tão pequena menina?
Ainda não sabia.
Mas desconfiava,
e, enquanto isso,
Cantava,
palavras.
Mas, ora essa, era desafinada!
Faltava-lhe a melodia
Procurava-se nos instrumentos
Enquanto teimava em cantar
Queria, era verdade
se expressar!
Até que um dia,
Por descuido ou poesia,
Na adolescência tardia
Descobriu-se, a menina
Que por entre cadeiras e quadros
Sentia-se em casa
Era isso!
Salas de aula.
Era ainda pequenina,
E já começava a jornada
Buscava sua voz,
Sua estrada.
Já se iniciara,
A sonhada caminhada.
Logo começara a ensinar,
Seus brinquedos
Seus cachorros
Suas pelúcias
Até se esquecia, a menina:
eles não a podiam escutar!
(Será?)
Mas não se importaria,
pois, tão menina,
Descobrira
o elixir de sua vida
Descobrira
Aonde estava
A tal (clandestina) felicidade:
Se expressaria, a menina
Falaria, falaria, falaria
E, finalmente,
Seria poesia.
era esse o caminho,
Sua missão
Seu ofício.
Parecia até de outras vidas,
Sabia, ao certo, o que queria.
E corria, corria, corria.
Até que, já cansada
Lembrava-se
Era essa, só essa
A jornada!
Sonhava, sonhava, sonhava.
Até que, já cansada.
Chegara.
Estava finda,
A longínqua caminhada.
Avistava-se, dali:
No espelho:
Via-se pequena,
Via a menina
Que a seus bichos de pelúcia ensinava
Via o verde em seu olhar,
Brilhar.
E, novamente,
Quis acreditar.
de repente, o futuro se abrira:
sabia que jamais envelheceria
Pois, sempre seria
aquela menina
Cujos olhos
Brilhosos
Viam no futuro,
Poesia.