MEU SERTÃO QUERIDO
MEU SERTÃO QUERIDO - João Nunes Ventura-10/2020
Eu nasci assim sorrindo
Lá nas terras do sertão,
E cresceu meu coração
De amor mundo infantil,
Onde a vida é mais vida
E estrelas são de pratas,
E iluminam em cascatas
O lindo azul céu de anil.
Bela minha casa singela
Eu em criança a brincar,
E no abrigo foi meu altar
Doce vida que eu sonhei,
No balanço a minha rede
E ao som da minha viola,
Eu cantava essa história
Nos poemas que eu criei.
No mel engenho de cana
Que primavera bela pura,
No doce bom da rapadura
São meus dias de alegria,
E nas festas do padroeiro
No São João dos pipocos,
As noitadas dos caboclos
Santas novenas de Maria.
Que alegria a aurora clara
Deslumbrante o horizonte,
Cristalina a água da fonte
Assim degustava alimento,
Passeava na pedra grande
Bem perto a bela chapada,
Eu convidava a namorada
Ver estrela do firmamento.
Oh! Que gentil a natureza
Aquelas tardes fagueiras,
E as frondosas palmeiras
Já perfumando minha rua,
Que sertão do passarinho
Alegre o canto melodioso,
Logo pertinho rio formoso
Onde já se via branca lua.
O tempo eu risonho moço
Que também o de criança,
Os meigos dias a infância
Magia forrós dos quintais,
E nos acordes da melodia
Da minha primeira escola,
Meus cadernos e a sacola
Eras que não voltam mais.
Se no chão muito chovia
Eu ficava pela a palhoça,
Bem cedinho ia pra roça
Plantar o milho e o feijão,
Que onde nasce o Pajeú
E feliz andava satisfeito,
Tinha o meu pai no peito
E minha mãe no coração.
Limpa era nossa vacaria
Minha vaquinha malhada,
A castanhola era pintada
Nas cores que eu queria,
E que simples a vida era
A brincar pelos terreiros,
E eu subia nos juazeiros
Assobiando uma melodia.
Na manhã brisa cheirosa
Com vento chegando frio,
O banho nas águas do rio
E pela noitinha à dançar,
Morena linda e enfeitada
Em cores seu laço de fita,
Risonha que moça bonita
Dançando e bela a cantar.
Que mocinhas da cidade
E pulando pelos terreiros,
Tantos amores primeiros
Agora eu tenho saudade,
Eu trago como lembrança
As canções as melodias,
Que sonhos de simpatias
Que tempos de mocidade.
A paixão que agora tenho
Que vive no meu coração,
Oh! Deus o meu empenho
Regressar pro meu sertão.
Chegando lá vou ao monte
Vou ver campo verdejante,
Assim e além do horizonte
Onde estrela chão clareia,
Nos frondosos coqueirais
Dormem e cantam sabiás,
E quanta saudade me traz
Lindas noites de lua cheia.
O sertão que eu amo tanto
Meu tesouro o meu celeiro,
Meu amor puro verdadeiro
Nascido em minha canção,
A minha alma apaixonada
Anda alegre nas campinas,
Onde as águas cristalinas
Perfumam o meu coração.