Felicidade
Felicidade, não te demores.
Sei que és passageira, então te busco nas pequenas reservas, nas gotas mais férteis de minhas horinhas descuidadas.
Estás no sabiá que assobia e depois vai embora.
Estás no arco íris que prenuncia, na mão que acaricia e no acordar da aurora.
Felicidade, estás no cabelinho do meu filho, no cheirinho de anjo, na molecagem gargalhada.
Também estás no colo de mãe, no filhote que chega, no pão com manteiga, na preguicinha ou lição.
Em cada flor de jabuticaba, no bichinho da goiaba, até a sombra do caramanchão.
Ah! Vens aos pouquinhos, em gotinhas contadas, quando menos se espera.
Quando chegas em forma de beijo, abraço apertado ou cheiro no cangote, tens o poder de acabar com toda solidão.
E que bom, felicidade, que és dosada, tímida e bem distribuída. Que bom que não tem dia na vida que não se sinta ao menos um refresquinho minguado de tua mão.