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OLHOS E OLHARES
(semblantes)
(Sócrates Di Lima)


Nos olhos que não me veem,
Na tristeza de um olhar,
E dessa tristeza nada creem,
Nem se pergunte se há de chorar!

E o céu que se aproxima,
E se encaixa dentro de mim,
Chega como a flor de hiroshima(hiroxima),*
Explode e me devasta assim.

E a Lua que tímida se põe a me olhar,
Com medo de o Sol assistir,
Se admira em olhar ao mar,
E sozinha se põe a sorrir.

E se pelo céu das minhas bocas,
Voam os pássaros do seu verão,
Chegam, fazem seus ninhos e tocas,
Nos galhos do meu coração.

É quando o seu mar avança para dentro dos meus Eus,
Vindo chocar nas rochas da minha insanidade,
Outras vezes beijar a areia dos pés meus,
Ou em maremoto me jogar contra a minha saudade.

Nos olhos que me refletem,
Como espelhos da minha vida,
Se disserem que estou triste, mentem,
Pois o meu hoje a vida me é garantida.

E se eu não vivo do amanhã,
Não me perco no meu hoje não...
Eu venho a tona em cada manhã,
No compasso do meu coração.

Ah! E se os seus olhos me veem,
Por entre as frestas da sua vida,
Portas dantes fechadas se abrem,
E de amor me dão guarida.

Posso ter mil incertezas,
Posso ter mil carências,
Mas, trago na alma sutilezas,
E no coração querências.

E se mesmo assim não morro de amores,
É porque este amor quase morreu em mim,
Nos olhos seus olhares me libertaram sem rumores,
Para não olhar nos seus olhos como se fossem meu fim.

Ah! Eu me apego aos seus olhos que não veem os meus,
Mas os meus, os seus sempre olharam,
Nos sonhos, no pensamento ou nas vontades de Deus,
Nos fez olhos como de Lince que sempre se olharam.

Diz então os olhos da minha alma nua,
Despida da matéria que calçam os pés da rua,
- Que não basta ter olhos e não souber olhar a Lua,
Pois no semblante dela, vejo o espelho da alma sua.

Olhos do nada e de tudo que vejo,
Olhos da vida, na realidade e fantasia,
Nos olhos abertos e fechados em lampejo,
Olhos de amor, na alma da poesia.

E quando me pego sentado a beira da estrada,
Da vida que me deixo levar em noite e dia,
Espero ali a passagem da mulher amada,
A me abraçar nos versos da alma em poesia.

E se distante, na sua janela olhar a Lua,
E se a ver na imagem bela a refletir,
Lembra-se que da janela da minha alma nua,
Meus olhares buscam os seus olhos para então sorrir.
Socrates Di Lima
Enviado por Socrates Di Lima em 21/09/2020
Código do texto: T7068517
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