ORGASMO DAS PALAVRAS
É vivo, intenso e belo…
Ardia um forte desejo,
entre o meu eu e eu lexical,
um êxtase forte e sedutor,
só o nosso universo compreendia,
uma mistura da utopia e o real,
na fronde majestosa do ser inspirador.
Eu queria mais, desfolhar e apimentar mais,
viajar neste espaço, no cósmico do brindar
com as palavras, na fogueira estendida à noite,
no luar do festival das letras e sensações
de prazer do sentir e fazer.
Inundado pelo desejo de possuir
a mente excitava-se cada vez mais,
desejando entrar em acção,
sentado naquela cadeira frente a mesa,
apreciava cada toque desta sedução,
oh, essa menina vai matar-me, ela mexia,
dançava, tocava seu corpo, apertava e mordia seus lábios,
botando mais fogo na fogueira já acesa, seu cheiro,
uma sensação adorável e quando aproo aproximava-se,
inerte fiquei, transpirando ofegante,
quase o que desejei com ela
era o momento para nós dois.
Eu queria que ela gemesse,
gritasse, rebolasse,
entregando-se no delírio do prazer,
gemidos e sussurros de querer,
loucos de paixão e desejo ardente,
mais do que isso, que fizesse sentir realizado
e desejado… é assim que funciona o universo.
Uma mão acariciava suas partes,
desfolhando suas vestes com cuidado,
a boca explorava cada detalhe do seu corpo,
deitada sobre a mesa, ela pedia que fosse
explorada, pedia que fosse consumida,
que fosse lida com prazer e amor.
Desnudei completamente sua alma,
deitado por cima dela, brinquei com o seu corpo,
com ajuda do dicionário,
trespassei cada detalhe do seu valer,
ecoaram gemidos lexicais, gozos vocabulários,
líquidos gramaticais…
a mente ejaculou espermas de novas ideias.
Eu senti, ela sentiu,
o melhor orgasmo que existiu,
melhor sensação…
o orgasmo das palavras.